📝 ensaios e entrevistas
filmes entrando no domínio público em 2023
Neste 1º de janeiro de 2023, todos filmes de origem estadunidense lançados em 1927, ou que tiveram direitos autorais registrados no mesmo ano, estão oficialmente em domínio público. Esses filmes podem, conforme a lei americana, serem abertamente baixados, copiados e compartilhados sem quaisquer restrições. O Cantor de Jazz, primeiro filme do cinema falado, por exemplo, já foi disponibilizado no YouTube dias atrás por uma alma caridosa.
Incluídos nessa lista de mais de 600 filmes, temos clássicos como:
Metrópolis, de Fritz Lang.
Aurora, de F. W. Murnau, vencedor do Oscar de 1929.
O Príncipe Estudante, de Ernst Lubitsch e John M. Stahl.
O Inquilino, de Alfred Hitchcock, primeiro thriller do diretor.
A Torrente da Fama, de John Ford, filme considerado perdido até 2009.
Asas, de William A. Wellman, vencedor da primeira edição do Oscar, de 1927.
Sétimo Céu, de Frank Borzage, também indicado na primeira edição do Oscar.
É interessante comentar, no entanto, que esses filmes poderiam ter entrado em domínio público lá em 2003. A liberação deles foi congelada pelo governo americano por 20 anos devido à implementação do Copyright Term Extension Act.
No ano de 1998, foi publicada uma lei que modificou as regras de duração de direitos autorais nos Estados Unidos da América. Dado o lobismo capitaneado pela Walt Disney Company em defesa da lei, a mesma ficou conhecida como Mickey Mouse Protection Act, visto que a empresa tinha como principal desejo estender o domínio comercial sobre o personagem Mickey Mouse. O prazo mínimo para expiração de direitos autorais acabou sendo estendido: hoje uma obra entra em domínio público somente após a soma da idade do autor + 70 anos, 95 anos de sua publicação, ou 120 anos de sua criação, o que ocorrer primeiro.
Se não fosse por esta extensão, nós já teríamos em domínio público todo o cinema norte-americano até o ano de 1946. Também teriam sido liberados neste domingo (01/01) clássicos de 1947 como A Dama de Shanghai, Fuga ao Passado, Mulher Desejada e Monsieur Verdoux. Não que isso impeça o glorioso trabalho de canais do YouTube, como o Cine Antiqua, em compartilhar obras gratuitamente.
então, e o óscar?
É, agora que o ano de fato começou, estamos imersos em outra fatídica awards season. Adoraria falar para vocês que não queria tratar do Óscar na Recortes visto a crescente irrelevância dessas premiações (duvido que alguém saiba que o Globo de Ouro rola semana que vem), mas esse período caótico me diverte muito. Assistir os indicados à Melhor Filme sempre foi, para mim, uma tradição familiar bem prazerosa, e é cômico ver pessoas não muito envoltas no meio de cinema discutirem e tomarem partido por filmes que, francamente, serão dificilmente lembrados daqui a um ou dois anos.
Enfim, quanto aos filmes: o Pedro Barriga do Tribuna do Cinema publicou uma boa análise sobre as prováveis nomeações da 95ª edição do Oscar, que serão oficialmente anunciadas no final desse mês (24/01). Pelos cálculos do autor da Tribuna, já temos oito das dez indicações de Melhor Filme garantidas. Entre elas:
Tár, de Todd Field.
Elvis, de Baz Luhrmann.
Entre Mulheres, de Sarah Polley.
Os Fabelmans, de Steven Spielberg.
Top Gun: Maverick, de Joseph Kosinski.
Os Banshees de Inisherin, de Martin McDonagh.
Avatar: O Caminho da Água, de James Cameron.
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert.
Sobre às indicações do cinema nacional, é lastimável que o filme Marte Um, do diretor Gabriel Martins, já não consta mais entre os cotados para o prêmio de Melhor Filme Internacional, como foi revelado na lista de pré-selecionados da Academia. Segue, no entanto, outras duas obras brasileiras na corrida: O Território, como Melhor Documentário, e Sideral, como Melhor Curta-Metragem Live-Action.
entrevistas da semana
Axelle Ropert, Cahiers du Cinèma: Traduzida pelo recém-lançado blog de cinema Lucky Star, essa entrevista com a diretora francesa traz detalhes sobre os bastidores de produção do Petite Solange (2021), as influências por trás dele e opiniões da realizadora sobre o futuro do autorismo no cinema francês.
Pablo Marín, Desistfilm: Conversa com o diretor sobre seu recém-publicado livro, Una luz revelada, que traça o histórico do cinema experimental argentino.
🤔 o que assistir nesse final de semana?
le cinèma club (gratuito): Rachel Rose
A Le Cinéma Club disponibilizou hoje (06/01) o curta-metragem A Minute Ago (2014), da diretora Rachel Rose.
Sinopse: Uma reflexão sobre a catástrofe a partir da combinação de um vídeo encontrado no YouTube de uma tempestade de granizo de verão em uma praia siberiana, e um tour dado pelo arquiteto Philip Johnson de sua histórica Casa de Vidro em New Canaan, Connecticut, apenas alguns anos antes de sua morte aos 98 anos de idade.
Duração: 9 minutos. Disponível até a próxima sexta-feira (13/01).
mubi ($): Luis Buñuel
A MUBI disponibilizou nesta quinta-feira (05/12) o filme A Idade do Ouro (1930), primeiro longa-metragem do diretor Luis Buñuel. Banido pela censura francesa na época de seu lançamento, o filme é hoje considerado uma das principais obras do movimento surrealista.
Sinopse: A história surrealista de um homem e uma mulher completamente apaixonados um pelo outro, mas suas tentativas de consumar seu amor são frustradas por suas famílias, pela Igreja e pela sociedade burguesa.
Duração: 60 minutos. Disponível até começo de fevereiro.
🍿 links de interesse
🎥 Saiu o Year In Review do ano de 2022 do Letterboxd… [site].
📽️ … e o Letterboxd Wrapped! Compartilhe o resultado nos comentários! [site].
🐉 Ontem (05/01) foi o aniversário de 82 anos do diretor Hayao Miyazaki [vídeo].
🏥 Esse domingo (01/01) foi o aniversário de 93 anos do diretor Frederick Wiseman [imagem].
🇨🇳 O domingo também foi o aniversário de 30 anos do filme Adeus, minha Concubina (1993), de Chen Kaige [trailer do filme].
🩰 De acordo com um furo da New York Post, a Netflix produzirá mais um filme de Noah Baumbach, diretor de Frances Ha (2012) e do recente Ruído Branco. Aparentemente, o filme será estrelado pelos atores Adam Sandler e Brad Pitt [artigo].
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