📝 ensaios e entrevistas
r.i.p Safi Faye (1943 – 2023)
Faleceu na semana passada (22/02) a cineasta senegalesa Safi Faye, artista responsável por Carta Camponesa (1975), o primeiro filme dirigido por uma mulher africana a ser distribuído comercialmente1. A carreira de Safi iniciou-se na 1ª edição do Festival Mundial de Artes Negras, onde conheceu o diretor francês Jean Rouch. A convite do diretor, Safi estreou no cinema como atriz em seu filme Pouco a Pouco (1970). Apesar de não nutrir apreço pelos filmes do francês, a experiência a influenciaria a estudar cinema em Paris pela École Louis Lumière, onde se formou em 1972 com seu primeiro filme, La passante.
Safi Faye: Cinema e Percurso, artigo por Evelyn dos Santos Sacramento, 2016 [pdf].
Curso sobre a diretora pela organização Vozes Negras na Antropologia, 2021 [vídeo].
Safi Faye: Farewell to a pioneering filmmaker, obituário por Estrella Sendra para a African Arguments [artigo].
entrevistas da semana
Charles Burnett, Metrograph: Um dos diretores mais reconhecidos do movimento cinematográfico L.A. Rebellion fala sobre sua filmografia e… seu arrependimento em ter se tornado cineasta. Segundo ele, seu sonho era tocar o trompete.
Masao Adachi, Woche der Kritik: O cineasta japonês discute seu novo filme, REVOLUTION+1, que traça uma biografia do homem responsável pelo recente assassinato de Shinzō Abe, ex-primeiro-ministro do Japão.
Albert Serra, Filmmaker e Reverse Shot: O diretor do premiado Pacifiction (2022) concedeu duas entrevistas no último mês, ambas discutindo o processo de filmagem e escrita do roteiro do filme.
Anna Biller, Metrograph: A artista responsável por The Love Witch (2016) troca uma rápida ideia sobre o filme. Aliás, seu filme baseado no conto de fadas do Barba Azul continua em pré-produção.
Bas Devos, Film Show: Uma conversa com o diretor de Here, obra premiada como Melhor Filme da mostra Encounters do Festival de Berlim.
🎏 cobertura de festivais
73ª edição do festival de berlim
Terminou nesse último domingo (26/02) a 73ª edição do Festival de Berlim, um dos eventos anuais mais importantes da indústria cinematográfica.
Na mostra competitiva principal, o documentário On the Adamant, do diretor francês Nicolas Philibert, foi consagrado com o Urso de Ouro. Já o Urso de Prata foi concedido ao longa Afire, do diretor alemão Christian Petzold. A estatueta de Melhor Diretor ficou para o francês Philippe Garrel, responsável pelo filme The Plough.
Não deixe de conferir a lista completa dos premiados no site oficial do Festival de Berlim!
O elenco da newsletter Film Show fez uma ampla cobertura do festival, redigindo textos para 30 filmes exibidos, dentro e fora das mostras competitivas. Entre eles, filmes de Deborah Stratman, Hong Sang-soo, James Benning, entre outros.
Comentada anteriormente na 9ª edição da Recortes, a restauração do filme de Antonio Carlos Fontoura, A Rainha Diaba (1974), foi exibida em Berlim e foi aclamada pelo público e pela crítica. Segundo William Plotnick, fundador da organização Cinelimite, que supervisionou a restauração do filme, a diretora Claire Denis esteve presente em uma das sessões do filme, chamando-o de “à frente do seu tempo”.
🤔 o que assistir nesse final de semana?
ccsplay (gratuito): Kiyoshi Kurosawa
A plataforma de streaming do Centro Cultural de São Paulo disponibilizou recentemente a mostra gratuita O Cinema do Futuro de Kiyoshi Kurosawa, apresentando quatro dos filmes mais recentes do aclamado cineasta japonês.
Entre os filmes disponibilizados pela mostra, estão:
A Mulher de um Espião (2020) – Thriller; 115min.
O fim da viagem, o começo de tudo (2019) – Drama; 120min.
Antes que tudo desapareça (2017) – Ficção Científica; 129min.
Disponível até meados de março (15/03).
mubi ($): Glauber Rocha
A MUBI disponibilizou nessa segunda-feira (27/12) uma versão restaurada em 2K do filme O Leão de Sete Cabeças (1970), do diretor brasileiro Glauber Rocha. Fruto do trabalho conjunto do projeto Tempo Glauber em 2010, esta restauração da obra está sendo compartilhada fora do espaço de festivais, nessa qualidade, pela primeira vez.
Sinopse: Com o início da revolução em uma nação africana, o líder da liberação Zumbi reúne novos recrutas. Enquanto isso, um insurgente latino-americano é capturado por um pregador branco do apocalipse. Estes dois rebeldes devem enfrentar um mercenário alemão, seu conselheiro português e um agente americano.
Duração: 99 minutos. Disponível até final de março.
🍿 links de interesse
🐄 Hoje é o aniversário de 59 anos da diretora Kelly Reichardt! [tweet].
🕵️ Hoje também marca o aniversário de 75 anos do filme Cidade Nua (1948), de Jules Dassin [trecho do filme].
🍳 Falando na enquete da Sight & Sound… se você estiver amanhã (04/03) no Rio de Janeiro, a Cinemateca do MAM fará uma sessão gratuita do filme consagrado com o primeiro lugar – Jeanne Dielman (1974), de Chantal Akerman [ingressos].
🏝️ O sueco Ruben Östlund, diretor agraciado com a Palma de Ouro no ano passado pelo seu filme Triângulo da Tristeza, será o presidente do júri da 73ª edição do Festival de Cannes, que ocorrerá este ano entre os dias 16 a 27 de maio [artigo].
🇫🇷 O diretor Steven Spielberg confirmou durante uma conferência no Festival de Berlim que ele pretende adaptar o roteiro de Napoleão, extenso projeto de Stanley Kubrick não realizado em vida, numa série de 7 episódios para a HBO [vídeo].
⛽️ Outro nome praticamente confirmado no Festival de Cannes é o do diretor Martin Scorsese. Segundo a Variety, seu novo épico de mais de 3 horas de duração, Killers of the Flower Moon, está em negociação para participar do festival, ainda que fora de competição. Seria a primeira estreia do diretor em Cannes desde 1986, com After Hours [artigo].
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O primeiro filme dirigido por uma mulher africana foi o documentário Tam Tam à Paris (1963), da artista camaronesa Thérèse Sita-Bella (1933 – 2006).